sábado, 14 de março de 2009

Essas distâncias

Terminar de ler um livro pode ter vários efeitos no seu dia. Eu geralmente sinto uma euforia antecipada, nas últimas dez páginas leio cada uma me certificando de que agora faltam nove, agora oito, agora sete, e quando finalmente chego ao fim as últimas linhas é como se não as lesse. Às vezes tenho de voltar e reler o último parágrafo pra me certificar: acabou. Mas sempre faço isso com um pouco de tristeza, porque afinal de contas o fim já passou. Feito corpo que demora no velório.

Passo as últimas páginas percorrendo as estantes e os neurônios me perguntando: qual o próximo que vou ler? Tento entender o que está se passando nessas últimas páginas, qual a estória o ritmo a atmosfera e me pergunto: quero continuar assim? Ou quero uma mudança brusca, freada e outras armadilhas?

Bem frequente é não conseguir começar nada logo após. Fico numa pasmaceira preguiçosa, nem triste nem alegre, e nada me parece bom o suficiente para que eu me levante, agarre a lombada, abra a primeira página e encadeie as palavras, começando de novo essa brincadeira de adultos que não leva a lugar nenhum: "It was a dark and stormy night..."


Um luto anunciado, o fim de um livro. E o começo de outro é um nascimento incerto, pelado de afetos mas cheio de espectativas que podem te botar comovido como o diabo se na terceira página você o fecha sobre o marcador, coloca-o de lado e se dá ao desleixo de nunca mais voltar.

Um comentário:

  1. que bonito.

    dependendo do livro conforme se aproxima do fim, mas me demoro pra deixá-lo.

    depois de terminar "os maias" quase 20 dias atrás
    só hoje consegui gostar de ler um outro livro continuado,

    -ah é?
    ele se pergunta qual é?-

    a ilíada

    :#

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