domingo, 26 de julho de 2009

12 exemplares em exposição



Isso daqui é o acontecimento literário do ano. E agora vai ter essa exposição. Em São Paulo e logo mais em Portugal. Não vou me estender sobre o assunto, mesmo porque tudo o que eu tenho escrito no último ano foi a partir dessa experiência da Júlia. São as alegrias possíveis.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

meu coração / galinha de leão

Nós entramos com frio pra ver a exposição de Sophie Calle no SESC Pompeia e o frio aumentou. Sophie recebeu um email de seu homem rompendo o relacionamento. Aí ela pegou esse email e mandou pra um monte de mulheres pedindo que elas o interpretassem segundo suas profissões.

A colunista social escreve uma nota de fofoca, "a artista plástica Sophie Calle recebeu um email...". A linguista sublinha os verbos e faz uma transcrição fonética. A atriz interpreta, e por aí vai.

Cada interpretação do email está presa à pessoa que o interpretou - e cada pessoa está presa a si mesma. Disso resulta uma pobreza discursiva constrangedora. Pois não se pode esperar mais além do que já se tem. Se a motivação do trabalho de Sophie Calle é uma carta de amor, então o nosso amor é assim tão previsível e profissional?

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Um outro francês que deu pra falar de amor foi Roland Barthes. Partindo do pressuposto bakhtiniano de que nenhum discurso é original, toda fala já foi falada antes, Barthes compilou nos Fragmentos de um discurso amoroso os lugares (linguísticos) comuns do amor moderno. O que se diz quando se diz "eu-te-amo"? E Barthes retira trechos de obras literárias como o Werther, de Goethe, para mostrar que o "eu-te-amo" que a gente diz já foi dito há três séculos, não é nada de novo.

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Dizer eu te amo depende de muita coisa para ser um vácuo de contato ou o nirvana impossível dos corpos, entre tantas possibilidades. Os trabalhos de Barthes e de Sophie Calle são catálogos dessas possibilidades. Do amor catalogável.

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