Comer pelas beiradas. Chama-se de "fatia" do mercado um grupo ("nicho") de pessoas prontas a consumir determinado produto. Como num bolo. Tem cada vez menos livrarias de bairro (desde sempre escassas) e mais megastores. Em Jundiaí (que fica no interior de São Paulo), havia a tradicional livraria D. Quixote, com uma loja grande ao lado da igreja matriz, onde há muito havia sofás, conforto e encontro dos leitores da cidade. Até chegarem a Nobel e a Saraiva, suas filiais.
Consta nos manuais escolares que a geração marginal dos anos 70 mimeografava seus poemas e vendia-os nas ruas pra driblar as circunscrições do mercado editorial brasileiro. Isso numa época em que o mercado estava só engatinhando, se comparado ao de hoje, quando as editoras proliferam feito gremlin pra otimismo dos entusiastas da "democratização da cultura". Sinal dos tempos, a Cosac publicou há pouco as obras completas do Chacal, inclusive com o "Preço da passagem" que, trinta anos atrás, Chacal vendia nos ônibus, pelo preço da passagem, pra bancar a passagem de ida dele para Londres.
Ana Cristina Cesar, eu acho, soube como ninguém captar o começo da estabilidade do mercado editorial brasileiro e jogar com isso a seu favor e pela sobrevivência do seu trabalho. Dizem que mesmo as edições independentes dela eram muito bem cuidadas, sempre um apreço pelo livro - que ela chamou de "meu filho", em A teus pés: "É prosa que dá prêmio".
A teus pés compila os volumes independentes anteriores num projeto que é uma grande sacada da editora Brasiliense nos anos 80. A coleção Cantadas Literárias apostava em escritores jovens provenientes, de certo modo, do desbunde da década anterior, escrevendo uma literatura aparentemente despretensiosa, pop, cheia de sexo fortuito e de praia. Os anos 80 foram basicamente uma década alegre, estreando com "Pro dia nascer feliz" e Ana C. publicando:
Consta nos manuais escolares que a geração marginal dos anos 70 mimeografava seus poemas e vendia-os nas ruas pra driblar as circunscrições do mercado editorial brasileiro. Isso numa época em que o mercado estava só engatinhando, se comparado ao de hoje, quando as editoras proliferam feito gremlin pra otimismo dos entusiastas da "democratização da cultura". Sinal dos tempos, a Cosac publicou há pouco as obras completas do Chacal, inclusive com o "Preço da passagem" que, trinta anos atrás, Chacal vendia nos ônibus, pelo preço da passagem, pra bancar a passagem de ida dele para Londres.
Ana Cristina Cesar, eu acho, soube como ninguém captar o começo da estabilidade do mercado editorial brasileiro e jogar com isso a seu favor e pela sobrevivência do seu trabalho. Dizem que mesmo as edições independentes dela eram muito bem cuidadas, sempre um apreço pelo livro - que ela chamou de "meu filho", em A teus pés: "É prosa que dá prêmio".
A teus pés compila os volumes independentes anteriores num projeto que é uma grande sacada da editora Brasiliense nos anos 80. A coleção Cantadas Literárias apostava em escritores jovens provenientes, de certo modo, do desbunde da década anterior, escrevendo uma literatura aparentemente despretensiosa, pop, cheia de sexo fortuito e de praia. Os anos 80 foram basicamente uma década alegre, estreando com "Pro dia nascer feliz" e Ana C. publicando:
É domingo de manhã (não é dia útil às três da tarde).
Quando a memória está útil.
Usa. Agora é sua vez.
Do you believe in love...?
Então está.
Não insisto mais.
eu tô na butique
ResponderExcluir(ele tá de olho é
na butique dela)
alegre no yuppie neam
ResponderExcluirque tem muito perdido 80