Acho que o Barthes fala, n'O prazer do texto, que só se pode escrever crítica de uma coisa da qual não se goste tanto assim. Ou melhor: na qual se sinta prazer um prazer espraiado, mas não gozo. Como na teoria do sublime, em que a maior delícia é inominável.
E pro gozo na leitura não carece uma delícia tão tão grande. Aliás, a primeira frase das Cartas de um sedutor, da Hilda Hilst, é lapidar: "Como pensar o gozo envolto nestas tralhas?". E como os meus últimos livros lidos têm sido o que de melhor se escreve na literatura brasileira contemporânea, sinto-me agora sem palavras para escrever sobre A arte de produzir efeito sem causa, do Lourenço Muttareli, que, gente, é bem escrito pra caralho!
Com o dis-tan-cia-men-to crítico novas blablações virão.
Vi Cão sem dono, adaptação para o cinema de Até o dia em que o cão morreu, do Daniel Galera. Não li o livro ainda, mas, a depender das minhas leituras do Galera, tudo parece em seu lugar. Aquela coisa de quem conhece a técnica, sobe até um sangue pelo corpo, mas tudo morre na praia. É um cavalo preso. Luz, quero luz. Quem escreve com palavras?
Em tempo: o novo livro do Moacyr Scliar é i-le-gível. Uma das minhas melhores lembranças de leitor é o final de Um sonho no caroço do abacate. Mas o Manual da paixão solitária tem uma inconsistência narrativa, de forçações de barra no nível sintático, que tem textura de descuido. Beirando o tato duro de escritores como Milton Hatoum e Cristovão Tezza, com pouco yin e um yang medroso. A capa do livro, no entanto, é belíssima.
E pro gozo na leitura não carece uma delícia tão tão grande. Aliás, a primeira frase das Cartas de um sedutor, da Hilda Hilst, é lapidar: "Como pensar o gozo envolto nestas tralhas?". E como os meus últimos livros lidos têm sido o que de melhor se escreve na literatura brasileira contemporânea, sinto-me agora sem palavras para escrever sobre A arte de produzir efeito sem causa, do Lourenço Muttareli, que, gente, é bem escrito pra caralho!
Com o dis-tan-cia-men-to crítico novas blablações virão.
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Vi Cão sem dono, adaptação para o cinema de Até o dia em que o cão morreu, do Daniel Galera. Não li o livro ainda, mas, a depender das minhas leituras do Galera, tudo parece em seu lugar. Aquela coisa de quem conhece a técnica, sobe até um sangue pelo corpo, mas tudo morre na praia. É um cavalo preso. Luz, quero luz. Quem escreve com palavras?
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Em tempo: o novo livro do Moacyr Scliar é i-le-gível. Uma das minhas melhores lembranças de leitor é o final de Um sonho no caroço do abacate. Mas o Manual da paixão solitária tem uma inconsistência narrativa, de forçações de barra no nível sintático, que tem textura de descuido. Beirando o tato duro de escritores como Milton Hatoum e Cristovão Tezza, com pouco yin e um yang medroso. A capa do livro, no entanto, é belíssima.
"dis-tan-ci-a-men-to" crítico? vai na veia. e depois toma banho de sal grosso, que passa.
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