terça-feira, 3 de novembro de 2009

Julgando um livro pela capa

Neste blogue eu só publico ensaios de crítica literária e mais nada. Meu objetivo não é fazer jornalismo cultural, em primeiro lugar porque eu não gosto de jornalismo cultural, em segundo lugar porque já tem muita gente fazendo isso, alguns até que bem.

Mas de vez em quando o entusiasmo precisa ser compartilhado, né, e este post aqui é pra dizer das delícias que me tomam quando eu topo com alguma coisa da Não Editora, que conheci há alguns meses, quando trabalhava numa livraria.





O livro brasileiro é muito cafona, você não acha? Algumas edições saem bonitas, vá lá, naquele molde comercialzão da Companhia das Letras. A Globo tem feito umas coisas legais, com edições sóbrias como as das obras da Hilda Hilst, do Roberto Piva, do Livro das Mil e Uma Noites. Mas desde o boom da Cosac Naify, os livros brasileiros têm buscado cada vez mais um ideal chic-dondoca, mesa de centro da sala de estar, uma coisa kitsch que dói, pronto-falei.

E como são caros!!! Eu, que mal sei do meu umbigo, não vou me meter a escrever sobre mercado editorial. Mas me parece uma canalhice não estarem todos os editores do Brasil fazendo hora extra para repensar o livro nacional, sua distribuição, seu custo. Opinião de leigo. E de leitor sem salário.

Pois bem, os livros da Não custam por volta de 20 reais. E não se metem a pocket books, como fazem os da Companhia de Bolso. Nem são pocket books, como os da L&PM (que, aliás, estão cada vez mais caros, só pode ser a inflação). Se você ainda não encontrou nenhum, vá para uma livraria e confira: edições elegantes, leves e saborosas como nunca se viu. E que dão a impressão de que o livro saiu da necessidade do texto, e não do ego da editora.

Textos esses que prometem. Não sei se cumprem - o meu porquinho tem quase moedas o bastante pra que eu consiga comprar meu primeiro exemplar (comprar comprar comprar comprar) -, mas parece que sim. Se não bastarem as críticas favoráveis que romances como Areia nos dentes e O professor de botânica têm recebido, no site tem como degustar um pouco de cada texto caso o seu porquinho também esteja amargando a gripe A.

E já que estamos falando dos livros que não lemos, a Não Editora acaba de lançar o Desacordo ortográfico, coletânea de textos que traz inclusive Manoel de Barros, Luandino Vieira e Pepetela (!!!) e que deve valer uma espiada. Afinal, que mal pode haver em julgar um livro pela capa?

:)

Em tempo: outra editora bacana é a Língua Geral. Nem tudo está perdido.

5 comentários:

  1. Gosto muito do trabalho da Não, uma editora que ainda vai crescer muito nesse país de editoras cafonas com capas cafonas e sem capricho nenhum. Acho que a Companhia das Letras se salva em algumas edições, a Cosac Naify nem precisa de comentários, e a Não investe nisso, se preocupa com esse look. Acho que TODOS julgam um livro pela capa - e é a capa que fica fora, que se expõe num primeiro instante, não o conteúdo, então ela precisa, sim, ser chamativa, com uma ilustração/foto bacana e fontes também bonitas que combinem com o resto. Tenho dois livros da Não aqui, e logo terei outros em que estou de olho.

    Gostei muito do blog, parabéns. Um abraço.

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  2. As editoras gaúchas ainda vão dominar o mercado: a Não é um ótimo exemplo de frescor no mercado editorial brasileiro. Outras gaúchas também começam a mostrar outros rumos. Fico feliz em ver que nem tudo está perdido.

    Apenas uma ressalva: o grande culpado do preço caro dos livros no Brasil não é o editor - ele ganha bem menos que 50% do valor de capa dos livros. Livrarias e, sobretudo, distribuidores é que dão a garfada maior no público.

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  3. jú, vâmo desacordá nóis tudo ahazô! :D

    *

    alex, é verdade, todo mundo julga livro pela capa. e pelo papel, pela fonte e pela cara que as outras pessoas fazem diante do livro. que a gente não lê só o texto, né.

    legal que você gostou do blog, brigado pelos parabéns, abraço pra ti também :)

    *

    frizero, obrigado pelo esclarecimento. vou desmontar o vudu que fiz pros editores e fazer um pros distribuidores e livreiros, então.

    e o brasil é grande, hein? quero conhecer mais editoras gaúchas ^^

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  4. e basta daquelas capas da rocco pra clarice lispector,
    coitado do texto
    !
    q anemia q ilustrações brochada brochura
    viva as edições setentistas de clarice lispector

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